Carlos Sá
Narcisa Amália
Desenvolver a intelectualidade de uma forma inteligente, em toda a história, é conseguir concretizar sonhos divinos ou não. O ser humano, em sua sabedoria, ciência ou cultura, não ficou restrito ao que assimila nesta existência corpórea. Quando não consegue realizar seus sonhos, ele os transforma em material literário, onde expressa sua frustração.
Na cidade de São João da Barra, encontramos dois intelectuais de grande valor cultural, que define seu meio social no qual viveu ou no qual estabelece sua trajetória social. Um representa o auge do movimento portuário, do progresso e do desenvolvimento; o outro, já no século XX, quando a navegação de cabotagem já estava em decadência, reflete esse novo momento.
Narcisa Amália nasceu em 1852, foi a primeira jornalista brasileira, poeta e feminista. Mudou-se para Resende aos 13 anos, acompanhando os pais. Casou-se muito jovem, o que retardou seu fazer literário e o segundo marido, um ciumento padeiro, também obstou seu surgimento para as letras. No entanto, apesar de todos os obstáculos, ela persistiu em seu sonho, e publicou um livro de poesias, “NEBULOSAS”. Militou na imprensa –– e lutou pelos direitos das mulheres, pela libertação dos escravos e pela proclamação da República em nosso país. Faleceu no Rio, em 1924, no dia de São João. Dois livros foram escritos sobre sua vida e obra: “Narcisa Amália, vida e poesia”, de João Oscar, Campos dos Goytacazes, 1994 e “Um espelho para Narcisa – reflexos de uma voz romântica”, por Christina Ramalho, Elo Editora, Rio,1999. A acadêmica Heloisa Crespo publicou em 2002, o poema cordel “Narcisa Amália”.
Carlos Augusto Abreu de Sá - Carlos AA de Sá - nasceu em 18 de abril de 1938, graduado em jornalismo, poeta, escritor, biógrafo, pintor, participou da edição dos jornais O CARANGUEJO/O SANJOANENSE, na década de 1960. Editou durante 14 anos (1995/2008) o jornal SÃO JOÃO DA BARRA, que em seus primeiros números se chamou SOL GOITACÁ. Em abril de 2009, na cidade de Cambuci/RJ, o jornal recebeu diploma e medalha de o melhor em mídia alternativa do ano pelo Congresso da Sociedade de Cultura Latina – seção Brasil. Fundou e mantém a CASA DE CULTURA ZENRIQUES, na sua casa, com fotos e documentos antigos e variada biblioteca com destaque para a que abriga os autores sanjoanenses. E uma coleção de 121 imagens de S. Francisco de Assis.
Tem os seguintes livros editados: Antologia de Novos Contistas Brasileiros, onde participou com dois contos, INL/MEC, Rio, 1971; Canto tentado – poesias, Bloch, Rio, 1972, menção honrosa da UBE/Rio; O pai da menina nua, contos, Cátedra, Rio, 1974; Estórias de desamor, contos, Presença, Rio, 1978; Profissão: escritor, coletânea de entrevistas com escritores brasileiros, publicadas no Suplemento Letras & Problemas do jornal A Notícia, Campos dos Goytacazes, década de 1970, Meridional, RS, 1978; Em todo e qualquer lugar, contos, Shogun Arte, Rio, 1983; Noite escura como breu, novela, Presença, Rio, 1986; Anotações de viagem, poesia, Códice, Brasília/DF, 1994; Zenriques, um jornalista político na província fluminense, biografia, Cultura Goitacá, SJB, 1995; Raíska, contos, Cultura Goitacá, SJB, 2001; Porto da Fortuna, Cultura Goitacá, romance, SJB, 1997; Lourenço das Velhas, Cultura Goitacá, romance,SJB, 1998; Duas lendas sanjoanenses, poemas novos e antigos, poesia, Cultura Goitacá, SJB, 2006; Naufragantes, romance, carlosaadesa.wordpress.com (blog), 2009. Inéditos: A aventura de Pombote (infantil) e Parceira fatal (romance policial), e O tesouro santo de Valetas. Outros trabalhos: Regulamento modelo de circulação viária para países da América (DNER, Rio, 1976), O pedágio como forma de comunicação social (DNER, Rio, 1982 e Osório e o cordel no norte-fluminense, ensaio, Facha, Rio, 1983. Casado com Germana tem dois filhos e dois netos e mora na cidade.
Entre esses dois exemplos, a produção literária sanjoanense é rica e variada. Dentre seus autores surgem nomes como o do engenheiro Martins Coutinho, do astrônomo Domingos Fernandes da Costa, com livros tratando dos mais variados assuntos, e poetas como Coriolano Henriques, Antonio Braga, João Oscar. Das novas gerações destacamos Célio Aquino, Antonio Nunes, Milson Henriques e uma série de outros. No entanto, a impressão que se tem é a de que uma crise de criatividade se abateu sobre os sonhadores da cidade, uma vez que pouquíssimos nomes, como Leany Pinheiro, André Pinto, Jurema Rosa e Beldo Valle Macedo.
“Como uma onda que se retrai para se fortalecer e voltar mais forte sobre a praia, acredito que nos próximos anos a tendência seja que novos intelectuais contribuam para renovar a cultura sanjoanense”, disse Sá.
ELDER AMARAL
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